não sei o motivo pelo qual tiveste de partir tão cedo , não sei porque é que me tiveste de deixar (naquela altura) pequenina e indefesa como uma borboleta simplesmente frágil . porque é que te tiveram que levar ?! porque é que tiveram que me tirar a pessoa mais parecida comigo de repente sem mais nem menos , sem um único aviso antecedente ?! [ ao menos para me darem a mim (a todos nós) a oportunidade de me (nos) despedir .] porque é que não o deixaram?! PORQUÊ?!
era simplesmente uma tarde , uma tarde como tantas outras com um principio e com um fim . o fim da tarde , não o teu ! NÃO PODIA ! (e para mim sabes bem que apesar de já teres partido há quase dez anos para mim ainda não pode. )
foste (e és) demasiado importante para mim e chegar a casa e ver-te no sofá naquele estado foi o que me custou mais até hoje (e será para sempre) porque apesar de tudo tinha 4 anos e apesar de não ter uma exacta noção do que se estava a passar , sabia que tu não “acordavas”por algum motivo e que esse motivo não podia ser de todo bom pois para além de estar confusa e de ver cada vez mais pessoas a chegar (inclusive médicos com a maca) tinha um aperto enorme dentro de mim que me dizia que a partir de aquele momento não ia ver o teu corpo nunca mais .
eu tinha razão , e no momento em que me disseram que tinhas morrido eu chorei até não conseguir mais , eu gritei com tudo /com todos eu revoltei-me com as pessoas , com o mundo e a única solução que arranjaram para mim sabes qual foi ?! uma psicóloga ! claro que não teve solução , houve melhorias , mas existem dias melhores e dias piores e sempre que me lembro daquilo tudo eu fico num “dia pior” porque NINGUÉM , NINGUÉM MESMO te pode trazer de volta .
“pai , sabes que eu te amo e que te amarei para sempre ?! sabes que serei para sempre a tua menina pequenina de quem terás sempre muito orgulho ?! sabes que te agradeço do fundo do meu coração por tudo ?! obrigada pela tua presença diária , obrigada por nunca me (nos) abandonares e por nos amares e protegeres com toda a tua força , com toda a tua alma”.
